AS BELEZAS NATURAIS DA SERRA DE AÇOR E OS INCÊNDIOS
No ano de 2017 os incêndios provocaram danos irreversíveis na paisagem natural e nas pessoas que habitam nesta região do País entre o litoral e interior. As belezas naturais da Serra de Açor estão vivas, recuperam a olhos vistos e as gentes desta zona mostram uma capacidade de regeneração tão grande quanto a da natureza onde vivem. Contudo, algumas zonas provocam um contraste bem forte entre o verde que rompe numa nova vida e o negrume das árvores queimadas por esses incêndios que, ano e meio depois, ainda testemunham os horrores vividos nesses dias e noites.
A Serra do Açor faz parte da Cordilheira Central, da qual também fazem parte a Serra da Lousã e a Serra da Estrela. O ponto mais alto da Serra do Açor é o Pico de Cebola (1418 metros). Este local está situado na zona limítrofe dos concelhos da Covilhã, Pampilhosa da Serra e Arganil e é o 5º ponto mais alto de Portugal Continental (o 9º se incluirmos os arquipélagos).
A Serra do Açor tem ainda outros pontos de grande elevação, dos quais se destacam, o Monte do Colcurinho (1242 m de altitude), o Alto de São Pedro (1341 m), no Alto Ceira, e o Cabeço do Gondufo (1342 m de altitude) onde perto deste cabeço, a 1118 m de altitude, nasce o rio Ceira. Todos este locais, são zonas de grande beleza e pontos de interesse turístico a visitar. Aí se situa a área de Paisagem Protegida da Serra do Açor.”In, https://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_do_A%C3%A7or
Procuramos, neste nosso roteiro de viagem, privilegiar as belezas naturais e a sua capacidade de resistência e de criar vida nova face ao negro das árvores e casas queimadas em 2017.
Seguimos em direção a Côja, paisagem bonita, estrada bem cuidada. “Coja ou Côja é uma vila portuguesa do concelho de Arganil, com 2.5 km² de área e 4 160 habitantes. A sua densidade populacional é de cerca de 1 700 hab/km². Foi vila e sede de concelho entre 1260 e 1853 com foral antigo datado de 1260 e foral novo dado em Lisboa a 12 de Setembro de 1514.” (in Wikipédia)
Interessante a forma como se desenvolve em torno do Rio Alva, com uma magnífica praia fluvial, bem dotada de acessos para quem se quiser banhar nessas frias e límpidas águas, tendo ainda um belíssimo restaurante junto á àgua. Um local paradisíaco e onde a natureza, na sua forma bruta, surpreende.
Subimos e descemos, subimos e descemos, curvamos e “contracurvamos” por estradas estreitas e sem grandes protecções apesar dos enormes precipícios que se nos deparam.
Mais uns quilómetros e atingimos mais um local fabuloso: a Mata da Margaraça.
E daqui, o percurso por essa estrada empedrada e posteriormente em alcatrão, levar-nos-á ao Piódão, aldeia de xisto com uma enorme vistosidade e que é um dos postais turísticos desta zona. E onde aproveitámos para almoçar e adquirir alguns produtos locais como o excelente mel cuja produção foi seriamente atingida pelos fogos de 2017 e que vai demorar algum tempo a recuperar.
“Piódão é uma freguesia portuguesa do concelho de Arganil, com 36,57 km² de área e 178 habitantes. A sua densidade populacional é de 6,1 hab/km². A freguesia inclui as seguintes aldeias e quintas: Piódão, Malhada Chã, Chãs d'Égua, Tojo, Fórnea, Foz d`Égua, Barreiros, Covita, Torno, Casal Cimeiro e Casal Fundeiro.” In Wikipédia
Saímos do Piódão e chegamos à Aldeia de Foz D’Égua que “pertence à freguesia do Piódão e com ela partilha a beleza mística da Serra do Açor.
Caraterizada pelo seu aspecto rural serrano, com as típicas casas de xisto e lousa, circundadas por uma natureza quase em estado puro, é rica em espécies de fauna e flora que aqui encontram o seu habitat natural.
Em Foz D’Égua situa-se uma praia fluvial de grande beleza, o ponto de encontro da ribeira de Piódão com a ribeira de Chãs, que correm em direcção ao rio Alvoco e cujo percurso é travado por uma represa criando um espelho de água.” In, https://www.cm-arganil.pt/visitar/o-que-visitar/foz-de-egua/
Não abandonando o percurso serrano, subimos em direcção a Barriosa/Vide onde, á esquerda, entramos numa estrada secundária que nos conduz a outra beleza natural de inegável interesse e que nos prende a atenção: o Poço da Broca, uma cascata natural que forma depois uma praia fluvial e onde um belo restaurante serve de apoio para uma refeição retemperadora.
“A Cascata do Poço da Broca é uma queda de água destacada pela sua beleza inigualável. Localiza-se na ribeira de Alvôco mais propriamente na Aldeia de Barriosa, em Vide. Esta pequena queda forma a agradável praia fluvial conhecida pela sua tranquilidade. É impossível ficar indiferente a este lugar resultante da intervenção humana.
Esta magnífica paisagem resulta da intervenção direta do homem que há mais de 200 anos percebeu que se desviasse o curso da água esta seria melhor aproveitada para a agricultura. As zonas de difícil cultivo mais concretamente no xisto e em zonas onde os próprios rios formam curvas apertadas sofreram alteração. Nesse mesmo estreitamento dos rios com o uso de brocas abriu-se um corte. Assim as águas foram desviadas do seu curso e desta forma obtiveram-se terrenos agrícolas planos e com fácil irrigação. É nessa sucessão que a água cai a uns metros consideráveis formando desta forma um poço, daí o seu nome, “Poço da Broca”. In, https://www.praiafluvial.pt/cascata-do-poco-da-broca/
Deixamos o Poço da Broca e retomámos a estrada principal. Hora de tomar decisões e optámos por seguir em direcção a Loriga, encosta oeste da Serra da Estrela e onde existem umas piscinas naturais que se estendem em tabuleiros por uma área razoável e aproveitam a água que desce da Serra. A partir daqui o percurso de regresso a Lisboa pode passar por Oliveira do Hospital e Coimbra, voltando à A1 ou subir a Serra da Estrela em direcção à Torre e descer pela Covilhã para tomar a direcção sul pela A23. Um grande fim de semana em pleno contacto com a natureza e a merecer a sua visita. Vai adorar!
Texto: António Lúcio
Fotos: António Lúcio (AL) e Dina Pelicho (DIP)
Bibliografia: Wikipédia; https://www.praiafluvial.pt/cascata-do-poco-da-broca/; https://www.cm-arganil.pt/visitar/o-que-visitar