DO CABO SARDÃO Á FORTALEZA DE SAGRES: UMA OUTRA VISÃO DA COSTA VICENTINA
Quando decidimos empreender no Outono uma viagem por zonas que, no bulício das férias e em outros momentos de fins de semana prolongados, estão completamente a abarrotar de gente, temos como intenção mostrar que se pode aproveitar muito mais, desfrutar de uma forma muito mais calma e relaxada, das maravilhas naturais, da beleza das paisagens e das praias, da simpatia e forma acolhedora das pessoas e degustar uma gastronomia baseada nos produtos locais (peixes, mariscos, batata doce), sem aquela pressão que se sente no Verão. E com temperaturas amenas ainda se pode dar um belo mergulho ou desfrutar de uma experiência de surf além de visitar alguns locais icónicos e históricos como a Fortaleza de Sagres.
Saindo de Lisboa em direcção a Sul, saia da autoestrada em Grândola e siga em direcção à costa e a Sines. Daí para Sul, sempre próximo à costa e com paisagens de cortar a respiração, vai encontrar muitas placas a indicar algumas fantásticas praias. O nosso primeiro objectivo foi o Cabo Sardão e o seu farol, situado no concelho de Odemira, farol cuja construção representa uma torre quadrangular branca com a sua lanterna cilíndrica e que tem uma altura de 17 metros. Neste momento não é visitável devido à pandemia de Covid-19. O farol, construído no final do século XIX, só começou a funcionar em 1915 e seu alcance luminoso atinge as 23 milhas.
Alguns percursos pedestres em seu redor permitem-nos admirar algumas falésias com muitos metros de altura, quase a pique, e a mostrar a força das águas do Atlântico. É um local aprazível para admirar um magnífico por do sol.
Continuando para sul, encontramos Porto das Barcas ou Entrada das Barcas, já bem próximo a Zambujeira do Mar, um dos locais fantásticos desta costa vicentina e por demais conhecida devido ao festival que leva o seu nome. O Porto das Barcas é, para nós, ponto de visita obrigatória neste percurso em direcção a sul. É uma enseada bem protegida dos ventos de sul e de norte mas cuja entrada para esse porto de abrigo obriga a um conhecimento especial das rochas, perigosas, que estão á sua entrada, fazendo com que seja necessária muita habilidade – e alguma sorte pro vezes – para entrar e sair em segurança para o mar.
Aí decidimos almoçar. Elegemos “O Sacas”, restaurante simples, despretensioso, com funcionários que nos atenderam simpaticamente. Um menu com bastante diversidade mas baseado nos produtos da zona, frescos e de boa qualidade. Optámos por uma sopa de peixe como entrada, bem apaladada e com alguns pedaços do dito, que estava muito bem confeccionada. E depois, um polvo à pescador com batata doce roxa, com muita qualidade e um sabor bem diferente para melhor. Foi uma boa experiência gastronómica, degustada sem pressas.
Zambujeira do Mar está ali logo ao lado. É por demais conhecida e um bom local para passar uns dias. A sua praia, bastante ampla, é muito frequentada e assim estava neste fim de semana de Outono e de boas temperaturas. Despedimo-nos de Zambujeira e continuámos rumo a sul e ao importante Cabo de São Vicente, a escassos quilómetros da fortaleza de Sagres onde a figura do infante D. Henrique continua a pontificar e a marcar a nossa ancestral história-
O Cabo de São Vicente, fica situado no extremo sudoeste de Portugal, e desde os tempos de Estrabão e dos romanos, conhecido como Cabo Sagrado ou “Promontorium Sacrum”, dista cerca de kms da Fortaleza de Sagres. O Farol foi construído em 1846 no local onde existira um convento franciscano do século XVI, sendo ampliado e modernizado ao longo dos tempos. É um dos faróis mais poderosos da Europa, numa das rotas mais movimentadas e é uma das paragens obrigatórias nesta visita. Tem uma altura de 28 metros, está a 86 metros de altitude (acima do nível do mar), sendo que o seu alcance máximo é de 32 milhas, ou seja, 59 quilómetros.
Para atingirmos o 4º e último ponto desta visita de fim de semana, mais uns 3 ou 4 quilómetros para sul e lá chegámos à Fortaleza de Sagres, local icónico e de grande significado histórico, quase inexpugnável atendendo á sua localização geográfica e com uma magnífica e acolhedora baía a sul e uma praia a norte para os amantes do surf. De acordo com o sítio dos monumentos ao Algarve “Sagres, zona de cruzamento de rotas entre o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, porto de pescadores e comerciantes de várias nações, mas também, zona assolada por corsários. A imponente fortificação de Sagres é o prolongamento humano do rochedo natural e foi durante séculos a principal praça de guerra de um sistema defensivo marítimo geo-estratégico.
A política da Expansão portuguesa nos séculos XV e XVI levou à fundação da Vila do Infante. Assim, Vila do Infante e Sagres confundem-se no desenrolar dos tempos.
Integrando o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, o Promontório de Sagres apresenta uma interessante biodiversidade faunística e florística e endemismos únicos que todos os visitantes podem observar.
Sagres, lugar de memória onde a natureza, o sagrado e o homem se conjugaram desde sempre de forma simbiótica, geradora de cultos religiosos e mitos históricos, políticos, turísticos merece a sua visita!” ((http://www.monumentosdoalgarve.pt/pt/monumentos-do-algarve/fortaleza-de-sagres))
Mais uma vez, e porque fora das grandes datas de movimentações de férias, este local continua a ser muito procurado por turistas nacionais e estrangeiros mas onde irá encontrar com facilidade hotelaria e restauração sempre a funcionar e onde poderá degustar os bons produtos locais a par de gastronomia do mundo.
O regresso a Lisboa foi feito pela estrada nacional, visitando alguns locais e aproveitando para umas compras de produtos locais.
Texto: António Lúcio
Fotos: António Lúcio e Dina Pelicho