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AS MINHAS VIAGENS

REVIVER O PASSADO… MONSANTO E PENHA GARCIA

06.01.20 | António Lúcio / Barreira de Sombra

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Existem locais que vale a pena visitar pelo menos uma vez na vida. Podemos reviver e sentir o peso do passado ainda que com o presente bem presente e vivido com intensidade. Porque Portugal não é só Lisboa e o litoral, é preciso adentrarmo-nos no País profundo e real para descobrir algumas preciosidades bem conservadas e com algumas paisagens de cortar a respiração. Por isso rumámos até à Aldeia Mais Portuguesa de Portugal, Monsanto, e depois até Penha Garcia.

Saindo de Lisboa e tomando a A1 e depois a A23 até Castelo Branco e a EN239, em pouco mais de 3 horas de viagem chegamos a Monsanto, uma das aldeias que fazem parte do vasto conjunto denominado “Aldeias Históricas de Portugal”. Alcandorada num penhasco, é visível a largos kilómetros de distância e do alto dos eu castelo, a mais de 700 metros de altitude, é possível desfrutar de uma paisagem única, viremo-nos para que ponto cardeal seja.

Em https://aldeiashistoricasdeportugal.com/aldeia/monsanto/ descreve-se esta magnífica povoação da seguinte forma:

“Alcandorada num cabeço que se impõe ao olhar na maior parte dos horizontes, a Aldeia Histórica de Portugal de Monsanto detém um encanto singular, para o que contribuem os dois títulos atribuídos no séc. XX – Aldeia Mais Portuguesa de Portugal, em 1938, e o de Aldeia Histórica em 1995. Ícone turístico da região, Monsanto é uma experiência peculiar para quem a visita. Concederam-lhe foral D. Afonso Henriques, D. Sancho I, D. Sancho II e D. Manuel . A parte mais antiga está n ponto mais alto, onde s Templários construíram uma cerca com uma torre de menagem.

  1. A Aldeia Histórica de Monsanto

 

  1. O castelo de Monsanto

 

 

  1. A paisagem em torno a Monsanto

Monsanto situa-se a nordeste das Terras de Idanha, aninhada na encosta de uma elevação escarpada - o cabeço de Monsanto (Mons Sanctus) - que irrompe abruptamente na campina e que, no seu ponto mais elevado, atinge 758 metros. Pelas várias vertentes da encosta e no sopé do monte, existem lugarejos dispersos, atestando a deslocação populacional em direção à planície.


Trata-se de um local muito antigo, onde se regista a presença humana desde o paleolítico. Vestígios arqueológicos dão conta de um castro lusitano e da ocupação romana no denominado campo de S. Lourenço, no sopé do monte. Vestígios da permanência visigótica e árabe foram também encontrados.

D. Afonso Henriques conquista Monsanto aos Mouros e em 1165 faz a sua doação à Ordem dos Templários, que sob as ordens de D. Gualdim Pais, mandou edificar o Castelo. O primeiro Foral foi concedido por este rei em 1174, sucessivamente confirmado por D. Sancho I (1190) e D. Afonso II (1217). A D. Sancho I se deve também a repovoação e reedificação da fortaleza, desmantelada nas lutas contra Leão, novamente reparadas um século depois, pelos Templários. D. Dinis deu-lhe Carta de Feira em 1308, a realizar junto da ermida de S. Pedro de Vir-a-Corça. El-Rei D. Manuel I outorgou-lhe Foral Novo (1510) e deu-lhe a categoria de vila. Em meados do séc. XVII, D. Luís de Haro, ministro de Filipe IV, tenta o cerco a Monsanto, sem sucesso. Mais tarde, no início do século XVIII, o Duque de Berwick cerca também Monsanto, mas o exército português, comandado pelo Marquês de Minas, derrotou o invasor nos contrafortes da escarpada elevação.

Em 1758, Monsanto era sede de concelho, privilégio que manteve até 1853. No século XIX, o imponente Castelo medieval de Monsanto foi parcialmente destruído pela explosão acidental do paiol de munições.

Convida-se para uma visita ao que resta do poderoso Castelo na escarpada encosta onde se pode observar a alcáçova, a cintura de muralhas e torres de vigia, bem como as belíssimas ruínas da Capela de S. Miguel do séc. XII, e a Capela de Santa Maria do Castelo.

A gloriosa resistência aos invasores (romanos ou árabes - não se sabe bem) comemora-se na Festa de Santa Cruz, deitando-se das muralhas do castelo simbólicos cântaros com flores, levando as mulheres ao cimo das torres as tradicionais bonecas de trapos - as marafonas.

A Capela de S. Pedro de Vir-à-Corça ou Ver-a-Corça, Imóvel de Interesse Público, situada na base do monte nos arredores da povoação, entre os lugares de Eugénia e Carroqueiro, é um templo românico construído em granito, datando provavelmente do séc. XIII, em que se destaca uma rosácea. Em seu redor se realizava a feira autorizada por D. Dinis em 1308.

A Estação Arqueológica romana de São Lourenço, Imóvel de Interesse Público, situada na Freguesia de Monsanto, corresponde presumivelmente a uma vila romana que integra um complexo termal. São também conhecidos quatro túmulos romanos em granito. Perto do local das ruínas, vê-se também um troço de pavimento.

Muito melhor do que os textos e as fotos possam contar e mostrar, é o passeio pelas estreitas ruas e ruelas de calçada antiga, em granito, que nos permite desfrutar e reviver a história de um País e de uma região, extraordinariamente bem conservada no seu conjunto habitacional e monumental, sem grandes concessões à modernidade que desvirtua o seu passado. Difícil a caminhada dada a inclinação de algumas ruas e a exigir muito dos que se aventuram até ao seu castelo, merece o esforço, começando no miradouro dos canhões, passando pela casa onde Fernando Namora teve consultório, ou pela igreja, pela gruta, pelo miradouro do forno entre outros espaços onde enormes pedregulhos marcam a paisagem e impõem respeito

Como referido, subir ao castelo é uma aventura. Não existem degraus e apoios tipo corrimão, mantendo-se as estruturas antigas, com degraus irregulares, ameias, uma capela e diversos vestígios da antiga ocupação dos séculos XII e seguintes. Mas é a paisagem que daí se pode desfrutar que é de cortar a respiração daqueles que, já ofegantes pelo esforço despendido na subida, a podem admirar lá bem do alto. E depois ainda há que contar com a descida e todos os cuidados serão poucos dada a inclinação do percurso.

Admirámos, numa das ruas, as «Marafonas» bonecas de trapo que dizem dar sorte e que são montadas sobre uma cruz, tal como os tradicionais adufes que se encontram à venda, assim como outros produtos regionais de elevada qualidade. Existem diversos locais para os comensais e nós escolhemos o restaurante “Cruzeiro” de cuja sala de refeições se pode ver todo o vale circundante e degustar belos pratos regionais a preços bastante acessíveis.

Uma visita para um dia inteiro e para pernoitar pela zona (as Termas de Monfortinho estão a cerca de 30 minutos de carro).

4. Penha Garcia

 

Depois de deixarmos Monsanto tomámos a direcção de Penha Garcia e em poucos minutos atingimos este local onde algumas das vistas, nomeadamente a partir do seu pequeno castelo, são também de suster a respiração. Virando as nossas atenções para norte do castelo vemos a barragem e num vale bem profundo os antigos moinhos de água que com os seus telhados vermelhos marcam a paisagem. Alguns estão bem conservados e merecem uma descida até ao vale para os admirar mais de perto.

A selecção de fotos que fizemos para si permitem aproximar-nos um pouco à beleza natural desta terra e destes espaços.

Textos: António Lúcio e https://aldeiashistoricasdeportugal.com/aldeia/monsanto/

Fotos: António Lúcio e Dina Pelicho